REGISTROS FEMININOS

Se palmilhasse vagamente o tempo: Nas estradas pedregosas do passado, era a coragem; nas estradas cinzentas do presente, é a resistência; nas estradas enigmas do futuro, é a esperança.
Há registros femininos: no sino rouco da capela, quase sempre oculto, pouco aparente, mas sempre existentes.
Há registros femininos: na figura sensual, na companheira recatada, no símbolo de prazer e satisfação, nos arroubos das paixões, nos comandos e nas importantes decisões.
Há registros femininos: na voz quase sempre  escondida, tolhida,  masculinizada, abandonada, mas sempre imprescindívelmente utilizada.
Na candura e na bravura do colo da mãe, na sensibilidade da alma, naquelas que doam seus ventres para parir o mundo em um ato de amor, naquelas que no desespero acalmam, acalentam e acolhem.
Nelas que permitem subordinar-se, sendo o centro do comando, que sabem pausar, engolir a seco a ingratidão.
Nelas que como Fénix renascem a cada desilusão, reconstroem, remontam, desmontam como as aves pairam no céu de chumbo se vestem de branco no combate ao sangue que escorre fruto do medo dos covardes que sabem que falta argumento e se cala e se arma de violência feminicida da dor.
Nelas que das obras de arte são grande inspiração, inteligência apurada, berço do amor e da compaixão, que foram reprimidas e convencidas de que a evolução era uma forma de castração.
Nela que teve seu grito abafado, que não quer calar, que sentiu a necessidade de ter sua voz ouvida, de ter seus fazeres patenteados, de ter seus poemas, escritos, ou dizeres outorgados.
Há registro feminino no tempo e no espaço, a mulher precisa de mais, precisa de igualdade, de respeito, de honra, de glória, de verdade, o tempo já se entreabriu, a mulher que a muito se esquivava, por repressão, hoje revela-se dona de si.
E o que era pecado, onde só de pensar já se carpia, hoje mesmo na estrada cinzenta,  quer mostrar sua cara majestosa, sem medo de parecer impura, tendo a esperança e a união como o clarão que a muito aguardava.  
Dos registros femininos ocultos que eram apenas pensamentos sem prática, a ação de ser o que quiser ser, ser além do tolerável, onde seu espaço é conquistado com mérito e competência de iguais.
Autora: Rosiane alves

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