NADA PARA TEMER


Não sei se existe tempo à temer:
o tempo que corona vírus trouxe;
a exposição do que realmente se é, exibida no palco da própria vida;
ou a morte que o vírus provoca.
A forte reflexão sobre a vida e a morte
o que aproxima? o que afasta? o que move? o que liberta?
sem respostas, apenas a exposição da morte que mata mesmo quando não mata
aquela morte que cala,
que tira a potência da alma
que deixa o olhar frio
querendo se proteger no vazio
em meio a cadáveres dos outros,
tratados como estatísticas distantes
incapaz de comover, de fazer chorar, de lamentar 
apenas tratado como um alerta da proteção
da necessidade do isolamento do corpo,
denunciando a flagrante insensibilidade do coração
uma busca por teorias para justificar a falta de humanidade
só mata idoso, o sol protege, o medo atrai, o álcool mata
e o vírus ganha força, e contamina a serenidade, agrava a doença da alma.
Já foi cientificamente comprovado que esse vírus destrói os pulmões
lamentavelmente, foi certificado que atinge também os corações
torna o homem insensível zumbi
que na ânsia de se proteger
ou de não empobrecer
vende a sua parte humana
por qualquer barganha
e na invisibilidade do vírus e do amor
sentimos do abandono a dor
daqueles que perderam os seus
daqueles que não tem opção
de optar pela proteção
daqueles que não tem economia a perder
daqueles que vivem no tanto faz
e não importa a letalidade ou mortalidade do vírus
porque já enfrentam a mortalidade da vida
com a fome, com a violência, com a doença
e com tantos e quantos vírus que afligem
talvez o corona vírus, expõe no humano a doença na alma
em fase terminal, no último suspiro
quem sabe seja o último tratamento
uma luz de esperança,
para trazer o amor para os corações
a paz para nações
demonstrando a fragilidade da arrogância e do poder.
Exigindo um cuidado consigo e com o outro.
Ninguém pode vencer sozinho.
O corona vírus é um pedido oculto de socorro
do mundo, do homem, da vida, da natureza.
Nada pode continuar como antes,
vamos mudar o que se fez
Escolhendo o amor dessa vez.


Rosiane Alves

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