PANDEMIA
no meio da pandemia:
passei pelas ruas,
não vi nada que estava acostumado
não vi o trânsito congestionado,
não vi o estresse dos passantes,
não vi a poluição.
no meio da pandemia:
vi alguns poucos homens mascarados,
outros, também mascarados, preocupados,
vi sorrisos através dos olhos,
confesso, senti falta até do que não vivi,
do bom dia que deixei de dar,
do sorriso que deixei de corresponder,
do tempo que deixei de ter tempo,
a vida que deixei de compartilhar,
a vida que vivi sem viver.
no meio da pandemia:
vi o medo, na cidade, estampando.
passei devagarinho, apreciando,
como nunca fiz,
descobri o quanto era cego, antes dela chegar.
minha alma não morreu por um triz,
sobrevivi para renascer,
mesmo vendo outro morrer.
no meio da pandemia:
acredito que também morri,
aquele velho eu, se foi
vivi meu luto, entre os meus.
no meio da pandemia:
vi pássaros entoando uma linda melodia,
que no incio, o "eu" agora morto,
agonizando seu último suspiro
não conseguia ver a beleza
o "eu" agora renascido, conseguiu ver,
vi o céu brilhando no seu lindo azul festa,
vi as nuvem dançando sobre a orquestra dos pássaros,
vi verdades em homens mascarados,
vi as almas reluzindo amor, em contato com os seus,
vi famílias reunidas, no jantar, no almoço, no adeus,
vi o choro, vi o sofrimento, vi o amor sobreviver,
foi no meio da pandemia
que "eu" renascido consegui ver
não aprendi no amor, foi na dor
foi a pandemia que me ensinou a viver.
Rosiane Alves
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